quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Notas muito melodramáticas para os vindouros dias de ontem

[vindouros: pois que o que me importam são os dias que ainda estão por vir]




  1. por mais que se faça ainda são os erros em que se tropicou no espaço lá fora. no espaço de ontem. por mais que se seja e ainda as coisas tenham mudado, tem-se a sutil certeza incrustada na pele nossa de que tudo foi válido e que só não se sabe porque o foi. Ainda é mamãe bradando em tom blasé: não. Eu já sabia




  • nota sem número sem indicação sem data nem escopo:




  • ainda que me delineie, tenho sempre justo que quando o faço faço-o à vista de outros. é raro e improvável que não seja assim: pois que para ser é preciso ser intermédio (“Eu não sou eu / sou qualquer coisa de intermédio / pilar da ponte do tédio / que vai de mim para o outro”), sejamos então! mesmo à custa de nós mesmos mesmo que logo após se quebre o que se havia há pouco se delineado.


23. aonde o erro


(como “Onda e amor, onde amor, ando indagando / ao largo vento e à rocha imperativa”)


das coisas que são?



nota real - o rei é sempre nu: nunca acredite



*


a temática da ausência: a temática da ausência se estende por páginas e páginas. imagino que na borgeana Biblioteca de Babel haja galáxias e galáxias hexagonais para descrever de formas sempre diferenciadas o movimento da ausência que é por si só ausência mesmo



*



a temática da falta: faltam-me definições porque se me falta a própria falta não tenho mais nada e a falta esvai-se como o que nunca solidificou-se



*



“As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio. É certo que nunca aconteceu, mas seria talvez concebível que alguém tivesse se salvado de seu canto; de seu silêncio, jamais.” (KAFKA).


O silêncio é inescapável. "Fique mudo".



*



nota única:



o amor
mesmo malogrado
é imprescindível






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patrícia a. a.

2 comentários:

Anônimo disse...

Resolvi não ficar muda.
Pra variar... rs
Compiei isso tudo e colei no meu fotolog.. Vcs andam filosofando muito, o que tem bebido?

Beijos

Patrícia disse...

Lisez un poème en prose de Baudelaire qui s'apelle "Enivrez-vous", ma chérie.


Bise.