quarta-feira, 3 de junho de 2009

E você?

indo embora?
você sempre vem tão tarde
assiste muitos filmes
tideland
e a vida?
não tenho mais tempo
é o começo de tudo
loucura
boa noite senhor
Beba Coca Cola
nossa quanta coisa
onde você estava
adeus mundo cruel
não tenho grana pro motel
a vida é tão rara
10 coisas para mudar o mundo
futilidades
escova de dentes
cabelo
enceradeira
sabão em pó
vidro moído
heroína
heroina
miojo
epifânia
até pensamento
medo
compaixão
alegria
calor
cedo
ontem
depois
samba
suor
cerveja
outrora
noite
naum
olha só que viajem
luxuria ou lux luxo?
to indo
de vez.




mário junior

quinta-feira, 1 de maio de 2008

sobre o tempo

Sobre o tempo
- Poderia ficar horas aqui, falando sobre o tempo – pensou Cadu, sentado na sarjeta enquanto esperava Mariana para o primeiro encontro.
O tempo vela os meus dias. Olha como é engraçado: a gente nunca tem tempo pra nada e porque o tempo é corrido e quanto mais corre o tempo mais sem ele a gente fica. Parece complicado, não é.
As pessoas também se dividem sobre o tempo. Umas dizem que dormir, por exemplo, é perda dele. Outras já pensam que quando se dorme aproveita melhor o tempo. O tal Einstein dizia que o tempo é relativo. Pela idéia dele é fácil entender que quanto mais de tempo se precisa menos você tem.
O Fernando Pessoa, uma cara que eles ensinam no cursinho e deveria ter muito tempo de sobra pois tinha um monte de nomes também tentou falar sobre o tempo. Ele disse que a importancia das coisas está na intensidade que elas acontecem e não no tempo que elas duram e por isso tem coisas que são inexplicáveis. Romântico isso! Passou pelo tempo dele e fez história.
O tempo passa para as pessoas e as pessoas passam pelo tempo. Elas nascem crescem se divertem e morrem. Cada momento que acontece, fica lá perdido no tempo, ás vezes imortalizado por uma fotografia velha estante da casa de algum familiar.
O Homem sempre tentou entender o tempo e criou as horas. E criou um criador para o tempo – Chronos era o nome dele. Dizem que esse cara tinha tanto tempo que ele inventou a si mesmo. Eu não sei mas está lá nos livros de mitologia. Por causa dele os homens inventaram o relógio para marcar as horas e ainda chamaram isso de cronômetro. Também chama esse cara de Saturno mas eu não sei se ele usava um monte de anéis.
Uma das coisas mais interessante do tempo é que podemos dividi-lo. Minutos, segundos, milésimos. Isso é muito calculista. Eu prefiro dividir o tempo em 3: antes, agora e depois. Tudo o que acontece com a gente é uma sucessão de tempo. Aténs de estar aqui pensando sobre o tempo eu estava vindo pra casa da Mariana. Depois nós iremos tomar um sorvete. É tudo de forma lógica. Antes vem o antes e depois o depois. Se pudéssemos mudar essa ordem faríamos uma viajem no tempo e saberíamos antes o que acontece depois.
Tem gente que não tem a mínima noção do tempo. Meu irmão mais novo ainda não aprendeu. Meu bisavô já esqueceu e eu as vezes também me perco quando fico pensando coisas. Os homens sempre tiverem tempo para pensar as coisas e tiveram tanto tempo que criaram a agenda. A agenda marca o tempo que as pessoas têm para se dedicar a outras pessoas. As pessoas teriam mais tempo se elas não vivessem com pressa.
O que me deixa mais intrigado em tudo isso é que as pessoas falam do tempo para matar o tempo. Quando alguém está lá sem assunto sempre pergunta sobre o tempo. “Será que vai chover? Tá frio né!” Não é o mesmo tempo, mas esse também chama tempo. Deveria chamar assunto para os sem assuntos. A gente sempre fala sobre esse tempo quando tem um tempo que ta olhando pra outra pessoa e não consegue pensar em nada. É como se a gente tivesse vergonha de falar sobre outras coisas.
Quando Mariana chegou Cadu olhava para o nada feito um bobo. Ela fez de tudo para chama atenção. Ele olhou pra ela e disse:
- Tá frio né!
- Poderíamos fica horas aqui falando sobre o tempo! – retrucou Mariana enquanto sentava ao lado de Cadu para uma conversa sem tempo.

Mário Junior

segunda-feira, 31 de março de 2008

Coração de menina

(Agradecimentos especiais à Lalá que ajudou na composição da história)

Conta a historia que há muito tempo e em todos os lugares havia um pequeno e nobre Coração de menina que costumava andar por ai, à toa, descobrindo as coisas do mundo.

Um dia, num desses passeios o pequeno coração levou um susto! No meio da vida apareceu outro Coração e o pequeno Coração de menina ficou encantado. Esse novo Coração era estranho. Usava umas roupas estranhas, tinha o cabelo estranho e sua cor era meio diferente. E o Coração de menina ficou fascinado com toda essa novidade e começou a bater num ritmo diferente, mais acelerado.

O Coração de menina estava apaixonado!

Tudo o que aconteceu desde então foram maravilhas. Cada vez mais encantado com a nova paixão o Coração de menina ficava. E foi assim por tempo.

Um dia, o Coração, que era de menina, conheceu outro Coração. Este usava bigodes e sabia das coisas. Era um pouco mais velho e conhecia muito lugares diferentes e o Coração de menina também se apaixonou.

- Como dói um coração dividido – Pensava o Coração de menina. Agora ele batia desesperadamente. Ele sabia que os dois corações batiam pelo seu e isso doía.

Os dois corações tentavam todas as maneiras para conquistar o Coração de menina. Enquanto o um lhe dava bombons, o outro dava flores. O mais novo lhe trazia sonhos, o velho historias. O primeiro trazia fantasias e o segundo experiência. E cada vez menos o Coração de menina sabia...

- Podiam ser o dois, um só coração! Ou só um ser igual aos dois? – mas não eram. E por isso o Coração de menina sofria. E o tempo passava e esse coração não se decidia.

Mas o Coração que usava bigodes e sabia das coisas não se contentava em ficar parado. Querendo novas aventuras acabou indo embora! Com tanta demora e imprecisão o Coração que usava bigodes e sabia das coisas resolveu deixar pra lá o Coração de menina e foi pelo mundo.

O Coração de menina se quebrou em uma parte. Como viveria sem uma metade? Pelo menos as coisas agora eram mais fáceis. Ela não precisa escolher. Só lhe restava uma opção. Então resolveu falar com coração que lhe restara:

- Desculpa pela demora, mas agora eu sei que é hora de ficarmos sempre juntos!

Mas o tempo também passara para o primeiro Coração e ele já não brilhava tanto por ela. Agora sua cor era comum e os cabelos também. Não sorria mais alegremente e nem falava de sonhos. Tanto tempo e o coração também estava envelhecendo. Havia enfraquecido. E ele foi embora. Deixou o Coração de menina lá sozinho e foi procurar outro coração que lhe acendesse outra vez a paixão multicolorida.

E o Coração de menina ficou triste e foi ficando pequenininho, quebrando em milhares de pedaçinhos. E cada pedacinho do Coração de menina que agora era um Coração partido ficou ali espalhado no meio da rua. Cada um que passava tentava juntar os caquinhos, mas não conseguia porque o coração era complicado demais. E ficou ali, esquecido por muito, muito tempo.

Num dia de muito sol, o varredor de corações recolheu os pedacinhos do Coração de menina e, sentindo que aqueles eram pedacinhos especiais, levou-os para casa. O varredor de corações amou cada pedacinho com o mesmo carinho. Quanto mais amor o Coração de menina recebia, mais unido seus pedaços se ficavam.

De tanto amor que recebeu o Coração de menina ficou novo outra vez e voltou a brilhar. Só que desta vez ele sabia: deveria amar somente o Coração que teve toda a paciência do mundo para compreender e juntar todos os seus complicados pedacinhos e aquele Coração de menina que era minado e achava que podia amar todo mundo, amou feliz e eternamente.
Mário Coração dos Outros

terça-feira, 18 de março de 2008

Burocracia

Um dia, Joaquim acostumado a fazer papéis
fazia papéis.
Papel para o padeiro,
Duas vias para a esposa.
Papel para a secretária,
Via azul para pegar os filhos.
Papel para pagar as contas,
Vermelha para o bom dia.
De tanta vida Joaquim só tinha papéis.

Naquele dia ele olhou para a rua,
Viu o sol, a criança, o palhaço.
Viu diferente.
Levantou e foi fazer poesia.

Mário Coração dos Outros
05/01/2007 (acho)



Velhinho esse!
Estava perdido num cd!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Para ler, Clique no poema


Mário Coração dos Outros

Para ler, clique sobre o poema.
(é impossivel fazer o efeito visual através do blog)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Primeiro Poema Sem-Coração

Meu coração é um cômodo

de fendas infinitas cujas
águas escorrem sem cessar;
de infinitas fendas sujas:
águas morrem sem cessar.

De umas falhas aberturas
armadas num espaço raso;
de umas falsas urdiduras
armadas num passo raso.

Disforme informe inacabado
de prestes alicercers imperdoáveis;
diferente indiferente estesiado
de prestes alianças imperdoáveis.

Meu coração é um incômodo.

Danae, Gustave Klimt

sábado, 19 de janeiro de 2008