terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Casavazia

"A Casa Amarela" (1888), Vincent Van Gogh


“Ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota da baba de Caim”.
Machado de Assis





Os gritos em formação na casa vazia
ecoam fazendo frente ao que ali é sobra.
Arquitetam sinfonia na ordem redundante dos fatos.
Os fatos – vincados num espaço que se permite dilatar.

Acústica redundante: entalha-se o sutil
tempo viscoso que já há muito escorreu.
E há passos inescapáveis na tal casa,
matéria de dentro do real forjado,
vagueiam ao largo da gritaria.
Destroços cumulativos do inesxispresente,
levam à instância mesma dissonante,
em que não-absolutamente, sob pena
de todos os remorsos, se é algo então.

Tudo destituído na casa vazia.
E a hora destoa – dialoga no fundo
com outras horas semblantes.
O pensamento torto falseia:
por impressões da vacuidade descolor,
por anfitriões lampejos, sabe-se
que nada há na casa vazia.

Pelo infinitesimal de tudo,
Vejo vazia a casa.






p. a. a.

Nenhum comentário: